O tema das cadeias produtivas sustentáveis é cada vez mais presente nos debates, mas ainda cercado por mitos e equívocos. Conforme apresenta o engenheiro Ricardo Chimirri Candia, é essencial separar as promessas genéricas da realidade operacional, especialmente em contextos industriais e logísticos. A pressão por redução de impactos ambientais, responsabilidade social e governança (ESG) está mudando como empresas produzem, transportam e distribuem seus produtos.
As cadeias sustentáveis não se constroem apenas com discursos ou certificações pontuais. Para serem verdadeiramente eficazes, é necessário integrar sustentabilidade desde o desenho do produto até a entrega final ao consumidor. Saiba mais sobre o tópico a seguir:
Cadeias produtivas sustentáveis: mitos comuns sobre a sustentabilidade industrial e logística
Um dos principais mitos é o de que a sustentabilidade sempre encarece a operação. Redução de consumo energético, reaproveitamento de materiais e logística reversa, por exemplo, geram economia significativa e melhoram a imagem institucional. Outro mito recorrente é o de que apenas grandes empresas conseguem adotar práticas sustentáveis, quando, na realidade, pequenas e médias organizações também podem integrar soluções escaláveis e adaptadas à sua realidade.

Também é falso imaginar que práticas sustentáveis se limitam ao aspecto ambiental. Como aponta Ricardo Chimirri Candia, uma cadeia produtiva sustentável envolve também condições de trabalho justas, diversidade nas contratações, integridade nos negócios e respeito às comunidades do entorno. Ignorar essas dimensões compromete a legitimidade das ações implementadas, além de representar risco reputacional. A sustentabilidade deve ser compreendida de forma sistêmica e não como uma ação isolada de marketing.
Desafios concretos na implantação de cadeias produtivas sustentáveis
A adoção de práticas sustentáveis em ambientes industriais e logísticos enfrenta uma série de desafios práticos. O primeiro deles é a gestão da cadeia de suprimentos, que envolve múltiplos fornecedores com níveis distintos de compromisso ambiental. Certificar toda a cadeia requer auditorias, padronização e contratos que incluam cláusulas de sustentabilidade, o que exige tempo e estrutura. Outro obstáculo é a mensuração de resultados: muitas empresas têm dificuldade em quantificar seus impactos.
Além disso, há o desafio da adaptação tecnológica. Processos industriais antigos nem sempre são compatíveis com padrões modernos de sustentabilidade. Para superar essa barreira, é preciso investir em inovação, modernização de equipamentos e capacitação de pessoal. Segundo Ricardo Chimirri Candia, a transição sustentável só será bem-sucedida se estiver atrelada a uma cultura organizacional que valorize o aprendizado contínuo e o engajamento coletivo. Sem isso, há o risco de ações fragmentadas e ineficazes.
Caminhos viáveis e boas práticas para superar os obstáculos
Apesar das dificuldades, muitas empresas já demonstram que é possível construir cadeias produtivas sustentáveis de forma estratégica e rentável. A adoção de metodologias como o ciclo de vida do produto, o uso de energias renováveis na operação e o rastreamento digital da cadeia logística são algumas iniciativas que se destacam. A logística verde, por exemplo, busca rotas otimizadas, modais menos poluentes e veículos com menor emissão de carbono, reduzindo custos e impactos ambientais simultaneamente.
Nesse sentido, outro caminho promissor está na economia circular, que propõe a reintegração de resíduos ao processo produtivo. Programas de logística reversa, reciclagem e reuso de materiais agregam valor ao negócio e contribuem para a redução de passivos ambientais. Como elucida Ricardo Chimirri Candia, o sucesso dessas iniciativas depende da colaboração entre empresas, governos e consumidores. Cada elo da cadeia precisa assumir responsabilidade e atuar de maneira coordenada.
Por fim, construir cadeias produtivas sustentáveis vai além da retórica ambiental; trata-se de um processo técnico, estratégico e colaborativo, que demanda investimentos, reestruturação e mudança cultural. É fundamental desmistificar a ideia de que a sustentabilidade é um obstáculo e reconhecer seu potencial como diferencial competitivo e vetor de inovação. Para Ricardo Chimirri Candia, quando bem conduzida, essa transformação reduz riscos regulatórios e melhora a eficiência operacional.
Autor: Sheila Lins
